Carta do passado

 19 de dezembro de 1996.

Posso até não ser realista. Talvez seja tolice, ou até mesmo infantilidade de minha parte, mas tudo bem, porque eu ainda tenho apenas nove anos, e nem sequer sei o que significa aquelas fórmulas todas que aparecem nos livros de minha irmã mais velha... eu acredito que existe amizade eterna, mesmo que digam o contrario. Amigos são poucos, porem verdadeiros!

Meu pai costuma me dizer que amizades são momentâneas, que ao decorrer de nossas vidas conhecemos diversas pessoas, mas que em determinados momentos não as conhecemos mais, elas mudam, nós mudamos. Cada um segue direções diferentes, levam suas vidas de diferentes formas, provavelmente nunca saberemos onde anda aquela(e) amiga(o) que brincava conosco todas as tardes... o real problema é o tempo, porque do mesmo modo que ele une as pessoas, ele também tem o poder de separar elas.

Tudo bem, concordo com as palavras de meu pai. Mas acredito sim que é possível permanecer viva uma amizade, seja ela qual for, a distância que for, todos temos pelo menos uma amizade verdadeira. Vamos lá, você sabe de quem eu estou falando, com certeza te veio em mente uma pessoinha, uma pessoa que já passou ao seu lado momentos esplendidos não é? Aqueles momentos que dariam boas histórias para contar aos seus filhos... netos. 
Vamos lá, você não tem saudades de quando estava com suas amigas e vocês iam assistir uma na casa da outra aqueles filmes assustadores e depois ficavam morrendo de medo, e então se assustavam com qualquer barulhinho? De quando passavam a noite em claro, rindo de bobagens... tirando fotos, ou passando trotes ? Quem nunca fez essas coisas não é mesmo? Agora só por causa de pequenos detalhes você vai esquecer isso tudo, não era esses pequenos detalhes que a deixavam tão feliz ? (...)

O tempo não pode voltar atrás, mas você pode correr contra o tempo, antes que seja tarde de mais, e toda a sua felicidade vire meras lembranças! 

De: Eu mesma.

Para: Eu mesma.

Ps: O vento soprou 21h03.